22/08/2011

Quem és tu afinal?

Sou um idoso velho
Já não tenho forças de outrora
Não consigo fazer nada
Já só dou trabalho
Passei uma vida por ti
Fiz tudo o que podia para ti
Deite-te o que conseguia
Mas tu querias mais
Queres mais só para ti
Ensinei-te a repartir
Mostrei-te o meu mundo
Ajudei-te a encontrar o teu
Quais os caminhos a seguires
Se não aprendeste foi porque não quisseste
Desejei poder dar-te mais
A vida não foi fácil nem bonita
Foi mais que madrasta infiel
Não consegui o que pedias
Hoje já não tenho tempo
Nem forças ou influências
Dou imenso trabalho
Tu
Vieste ao mundo por mim
Pela tua mãe que carregou-te
Educámos pensavámos nós
Alimentamos o teu corpo e alma
Demos as nossas vidas a ti
Todo o tempo que tivemos
E tu?
Hoje não tens tempo
Não tens uma cama para mim
Não tens um lugar na tua mesa
Não sabes já quem sou
Desconheces-me
Ignoras-me frente aos teus amigos
Atiras-me para um barracão
A que chamas lar
Onde vão-me limpar o corpo seco
Dar-me de comer à boca
Sem uma caricia de carinho
Esperas que eu vá de vez
Vais chorar lágrimas falsas
Porque esperas pelo que deixo
Ainda vou estar quente e já tu
Vais apoderar-te da minha casa
Dos meus bens materiais todos
Vais correr à conta bancária
Sentar-te no carro onde passeaste
Quando eu e a mãe mimámos uma criança
Uma criança que julgámos vir a ser
Uma pessoa Humana
Quem és tu afinal?
Alberto RCorreia
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Muitos têm de pensar no que andam a fazer a quem os criou, não digo mais porque não apetece-me fazer desenhos.

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